Aumento Pontos

I still smile when I think of you

1° Capítulo

Eles haviam acabado de voltar de Londres depois de três meses morando lá. Meus melhores amigos e o Brad, inclusive, o qual eu fazia questão de manter o máximo de distância possível... No fundo, eu, ele e o resto do mundo sabiam que a gente se amava, mas amar era diferente de querer ficar junto, eu não sei bem o porquê, porém era assim que as coisas funcionavam. A gente já tinha trocado uns beijos, dado alguns amassos e jamais tinha conseguido passar disso. Esses três meses sem vê-lo me deixaram com a sensação de que eu não preciso mais dele, que eu posso ser feliz de outra maneira... Essa viagem foi o que eu precisava para aprender a mantê-lo longe de mim e talvez tenha sido o jeito menos doloroso que ele tenha encontrado para me ensinar a viver sem ele; uma viagem, só isso! Por que não, ele não me fazia bem; era um maluco completo, que estava sempre pronto pra mostrar que me amava e mesmo assim conseguia separar o amor dele por mim do sexo que fazia com todo ser capaz de andar e pronunciar algumas palavras. E inocência da minha parte ou não, eu sinceramente não achava que ele fazia tudo isso por mal, era impossível não acreditar quando ele me puxava pelo braço e me dizia para parar de bobagem porque no final das contas era só a mim que ele amava.

Era dia de festa, íamos curtir o campo e a piscina do sítio dos pais de Candice e Cabelo, apelidos de Carol e Mauro, para comemorar a volta dos dois, de Brad e seu irmão Bernardo e do Rodrigo. Eu não estava muito chegada a papo, conversa, e blábláblá; não queria ouvir os comentários da viagem, ser informada de quem foi para a cama com quem, então fui sozinha no meu carro e cheguei sem que ninguém esperasse por mim. Realmente não sabia que minha presença era tão querida pelos meus amigos, fiquei feliz por isso e também por eles terem entendido meus motivos para não ter ido para Londres com eles. Seu ex-namorado, se é que posso dizer que o Brad algum dia foi meu namorado, não pode estar entre seus melhores amigos. Eu aprendi isso aos poucos, me torturando ao ter que agüentar a presença dele quando tudo o que eu queria era que ele desaparecesse da minha frente, e mais uma vez, me senti péssima quando ele chegou todo feliz, sorrindo para mim como se sua alma tivesse sido iluminada pela minha imagem aparecendo em frente a sua; e me senti pior ainda quando ele me deu um beijo no rosto e o abraço mais apertado do mundo; meus olhos se encheram de lágrimas.

- Cara, que saudades! – eu soltei a frase soando quase histérica colocando minhas mãos em volta da boca como se estivesse admirada diante de algum milagre.

- Nem me fale! Você sumiu da minha vida, não me deu mais notícias! Como você tá?

- Ah, Brad, eu tinha todos os motivos do mundo pra não olhar pra sua cara nunca mais, mas isso hoje ficou pequeno! Eu to bem, to ótima! Cara, que saudade!

Ele pegou uma bebida pra mim, a música tocava alta e as pessoas dançavam com suas roupas molhadas na grama do campo e na piscina, e nos refugiamos sentados na sacada da casa contemplando a vista. Brad me mostrou as fotos da viagem e fiquei bastante animada, quase arrependida de não ter ido viajar com eles. A única garota que aparecia nas fotos era Candy, que progresso, a menos que ele agora fosse namorado dela e eu não soubesse. Mas isso era improvável demais, eles pareciam amigos somente, nunca estavam um ao lado do outro nas fotos... Era bom ter um pouco de paz de saber que ele não andava galinhando por lá. Rimos muito e bebemos, trocamos olhares e nos enchemos de doces, o sol batendo leve sobre nós dois...

- Eu te trouxe um presente, Anna!

- Hahaha! Presente pra mim, de Londres?

- É, eu não sabia se você vinha pra festa, mas resolvi trazer nas minhas coisas por desencargo de consciência e deu certo!

- To curiosa! No fundo você sabia que eu viria!

- Eu nunca sei o que esperar de você!

E voltou com uma caixa de presentes com um laço vermelho que tinha dentro o vinil em edição especial do Radiohead. Quase tive um ataque; como ele sabia que eu estava sonhando com esse disco? Ele me acompanhou até o carro para que eu não esquecesse o presente e depois fomos para o meio do campo dançar entre os bêbados. Acordei no dia seguinte me sentindo toda torta, como se estivesse sendo engolida pelo colchão, com o estômago enjoado e a cabeça rodando. Como eu tinha ido parar ali? Olhei para o lado e Brad estava deitado ao meu lado, enrolado no lençol. Ele estava vestido? Então olhei para mim por debaixo do lençol e estava sem  qualquer peça de roupa no corpo!