4º Capítulo

A praia estava vazia, mas enchia aos poucos e logo estaria um Carnaval só. Vi algumas rochas e observei que as pessoas que tinham certo receio ou repugnância de subir nelas. Não pensei duas vezes, levantei meu iPod e as chaves do carro, passei por parte do mar. Assim que cheguei aonde queria, coloquei os foninhos nos ouvidos e o iPod no aleatório. Logo me aparece Across The Universe dos Beatles. Pronto, lá estava eu chorando novamente, apenas cobrindo meus olhos com um dos Prada Butterfly que tinha.

Não queria mais pensar no Brad. Não queria mesmo. Mas tudo me levava a ele. Tentava controlar meu pensamento, mas não adiantava. Meu iPod não me ajudava em nada e colocou Ironic nos meus ouvidos. No meio da música desliguei e meio que o joguei quase arrebentando os fones, dizendo “Alanis não! Alanis não! Brad não...”

- Não sei conheço o som do Brad. Mas amo Alanis.

Não tinha visto aquela garota por lá, mas ela parecia ter mais ou menos a minha idade. Quando a ouvi tive vergonha dela estar me vendo, mas depois vi que os olhos dela estavam tão inchados quanto os meus.

Soltei um sorriso de canto de boca.
- Prazer, Flávia.
- Anna. Também amo Alanis, mas agora não é a melhor hora.
- Entendo. Desisti de ouvir música quando começou a tocar Back to Black.
- Acabaria comigo.
- Vamos nos acabar se ficarmos aqui por muito tempo – eu nem tinha visto o tempo passar.
– Como o tempo passa aqui. Preciso voltar pra casa! – Descíamos das rochas e íamos em direção ao meu carro. Quando Flávia lançou um convite:
- Vou para uma baladinha com dois amigos no centro da cidade. Por que não vai também? daqui a pouco.
- Balada? Não sei... Nem roupa tenho...
- Eu moro aqui. Bom, estou de mudança pra São Paulo, mas tenho roupas, devem servir em você.
- Não sei...
- Minha casa é aqui perto, venha.
- Tudo bem, entre – abri a porta do carro – me ensine o caminho.

O que eu estava fazendo? Indo pra casa de uma garota que nem conhecia e emprestando roupas delas. Deus! O que estou fazendo? Pelo menos minha cabeça estava longe de Brad. Estava, porque fomos para a porta da balada, estava tocando algum remix da Lady Gaga lá dentro e ouvíamos da rua enquanto esperávamos os dois amigos dela. Aí que meu celular toca, termino de tomar minha Marguerita e leio no visor: ‘Brad’.

Queria ser forte e fingir que não vi. Mas só de o nome dele aparecer ali, estava louca para ouvir sua voz.
Foi quando a Flávia - já meio alta – me abraçou, e soltou:
- Brad de novo? É por causa dele que estava chorando?
Não sabia o que falar, mas ela já saiu de perto dizendo “Fiquei aqui, vou buscar mais uma” pegou meu copo vazio e levou.

E eu ainda na dúvida se atendia ou não...