9º Capítulo

Eu havia enfrentado meu medo de viver sem Brad pela primeira vez pra valer. Pra ser sincera eu mesma nunca tinha levado a sério minhas tentativas de esquecê-lo até então, mas agora eu tinha ajuda e, dessa vez, de pessoas que não estavam ligadas a Brad e não tinham obrigação alguma de defendê-lo. Dessa vez eu iria conseguir.

- Você me salvou de Brad essa noite, Flávia! Essa festa está incrível e eu já estava pensando na desculpa que ia inventar pra vocês pra ficar em casa com aquele imbecil comendo os malditos chocolates que ele me deu! Obrigada!
- Bem, amigas são pra essas coisas! Também acabei de passar por uma história parecida, que estou tentando esquecer ainda... Não gosto nem de lembrar... Mas aprendi que a gente tem que ser forte e resistir a tentação de conseguir mais um beijo, mais uma noite de sexo, a qualquer custo, não importa!
- Isso foi o que te levou para o alto daquela pedra naquela tarde?
- Sim, mas aí eu encontrei você e descobri que eu não era a unica com um coração partido... Você parecia tão down que jurei que a qualquer instante se jogaria lá de cima e eu não queria deixar que você fizesse isso...
- Eu bem que pensei... Mas naquele dia descobri um lado meu que eu não conhecia... Muito diferente da Anna apaixonada, comportada, romântica, passional e todas essas baboseiras! Essa Anna estúpida e riícula ficou para trás agora!

Em cima daquele salto naquela noite eu realmente era outra Anna, uma outra garota que só existia na ausência de Brad. Flávia e eu dancávamos e bebíamos nossos drinks ao redor da piscina, nos divertíamos, estávmos já um pouco bêbadas e trocávamos olhares entre nós e com a pista de dança inteira. Eu mal me reconhecia; se Brad aparecia com chocolates eu o odiava por isso, por outro lado, se ele não dava as caras, eu o odiava também.
Gabriel e Luciano (seu rolo) nos apresentaram aos meninos que estavam dando a festa, pareciam muito legais e tudo estava bombando. Eu cada vez mais distante de mim. Fomos para um quarto enorme nas acomodações luxuosas do hotel. De ínicio me irritei com as pessoas que encontrei lá: um bando de recém-adultos com os celulares comprados pelos papais milionários enchendo a cara e falando das garotas mais bonitas da festa. Um puteiro completo! E em meio a minhas divagações percebi que todos ali tinham um interesse em comum: as drogas servidas a rodo a quem quisesse usá-las.

- Você não vai se meter com isso, Anna! - disse Flávia.
- Por quê?! Alguém te que estar sóbrio o suficiente pra digirir de volta para casa no final da festa? Desencana, não sou a santinha que todos pensam!

Então cherei uma carreira de pó; senti meu nariz queimar e depois uma sensação inexplicável. Pensei que fosse explodir. Flávia e eu começamos a nos beijar num sofá na suíte; eu me sentia bem, embora tudo parecesse mais confuso e tivesse tomado uma proporção muito maior do que o normal. Lá no fundo eu ouvia uma voz dizendo: "Anna, você está se metendo em encrencas tentando provar pra si mesma que é capaz de ser feliz sem Brad, isso não vai acabar bem!". Apesar da culpa, era fascinante sentir o gosto do beijo de Flávia e sua boca em me sexo com a cabeça cheia de pó.
Acordamos às 5 da manhã, ainda no hotel, sozinhas no quarto e milagrosamente consegui dirigir até em casa. Flávia e eu não sabíamos o destino de nossos amigos.

- Jovens! Sempre iguais! Sem limites e inconsequentes! Vocês precisam de ajuda pra subir, meninas?
- Não, seu Zé! A gente vai chegar bem lá em cima! Valeu! - respondi.

O porteiro tinha razão. O teor de alcóol no meu sangue era cada vez menor e confusão gerada em minha cabeça por toda aquela bebedeira e as drogas davam lugar à sobriedade, lentamente. A lucidez que havia em mim me dizia: "Sim, você precisa esquecer Brad, Flávia precisa apagar o que aconteceu antes de te conhecer, mas talvez não a qualquer custo... Talvez esses não sejam seus amigos ideiais." Mas Flávia interrompeu a bronca que eu aplicava a mim mesma com um beijo no elevador. Senti pena de nós duas e nojo de mim.

- Acho que são pra você! Estão atrapalhando o caminho! - disse o vizinho que segurava a porta do elevador para que nós saíssemos. Minhas bochechas ardiam de tanta vergonha!
- Meu Deus! Esse Brad é um colecionador de vaginas de primeira classe! - disse Flávia.

A porta e o corredor do apartamente estavam cobertos por rosas vermelhas e um urso de pelúcia gigante segurava um cartão que dizia "Desculpa. Minha intenção jamais foi magoá-la. Vamos conversar. Te amo. Brad." Sim, ele estava de volta, pondo meus esforços, planos, e minha revolta em xeque.