16º Capítulo

Na real estava furiosa com aquela menina, mas ela tinha me feito refletir. Decidi ligar o som e dar uma arrumada naquela casa toda, precisava. Enquanto arrumava meu quarto, Brad apareceu com uma voz doce e suave: “estou atrapalhando?”.

- Não Brad, eu já sou atrapalhada por natureza, mas, por favor, não me pergunte nada. Não estou a fim de falar de nada, ou pensar ou lembrar ou...

- Tudo bem, só estava preocupado. Mas estou te vendo aqui e você parece bem. Sei que você é mais que capaz de cuidar de você mesma.

Deixei sair um sorriso muito sincero, afinal Brad agora parecia me conhecer e compreender melhor, assim me respeitando também. Ele então se virou, deveria ter ido para a sala e eu depois de um suspiro longo voltei a arrumar meu quarto, começando pelos diários jogados por lá. Começou a tocar uma música, acho que do Mop Top, se não me engano, no rádio e foi o seguinte verso que me fez tomar coragem, ir até Brad, arrancar a revista de suas mãos, dizer “eu te amo”, ouvir o “ah é? Porque eu não tenho dúvidas de quanto EU te amo.” E beijá-lo durante alguns minutos:

“Deixa amanhecer
Foi meu mal
Foi sem querer
Vou aprender o que é ser um bom par”

O fato é que viajamos naquela música e sei á, foi uma tarde tão boa. Brad me beijava e me abraçava como nunca. Olhava-me como nunca e eu não estava mais boba como antes, estava segura e estava amando. Ainda lembro-me de cada verso, cada abraço, cada beijo, cada olhar, cada movimento...

“Eu sei
Que às vezes não sou quem
Te faz rir
Te faz sonhar

Eu não sei
Às vezes eu não sei
Me conter
Me controlar

Deixa amanhecer
Foi meu mal
Foi sem querer
Vou aprender o que é ser
Vou aprender o que é ser”

Queria prolongar aquela tarde para a noite, mas também queria arrumar minha casa. Céus! Estava uma zona... Brad me ajudou e combinamos de sair, enquanto ele foi se arrumar eu também me arrumava. Coloquei minha melhor roupa e estava pronta para uma noite inesquecível. Brad veio me buscar e estava lindo. Era tudo que eu precisava: sair e esquecer um pouco de tudo, só por uma noite, só por uma noite...

- Anna, você está linda! – abriu a porta do carro e segurou minha mão.

- Você também Brad, lindo mesmo! – um beijinho e lá fomos nós. Tudo estava tão perfeito até meu celular tocar, ia desligá-lo, mas vi que era Gabriel e atendi, estava preocupada com ele. Só ouvia choro ao telefone.

- Oi Gabis, o que aconteceu?

- Anna, me ajude! Por favor, eu preciso de você aqui...

- o que aconteceu? Onde você está? Acalme-se...

Ele me passou um endereço, anotei no celular de Brad e perguntei novamente o que aconteceu. Gabriel desligou e eu já estava apavorada: Brad, você conhece esse lugar aqui? É longe?

- Não muito Anna, o lugar só é meio perigoso. O que aconteceu?

- Gabriel, meu amigo, me ligou chorando e pediu para que eu vá até lá. Me deixa aqui que eu posso pegar um táxi ou...

- Sem essa Anna! Eu vou com você.

- E aquele papo de que eu sei me cuidar?

- Ta, mas lá não é seguro pra ninguém. E combinamos de passar a noite juntos. Por favor, Anna, me deixa te acompanhar só por esta noite? Só por esta noite?

- Tudo bem Brad, você não se importa mesmo?

- Não Anna, vamos.

Liguei varias vezes, ele não atendia o celular e o lugar realmente era barra-pesada. Chegamos ao endereço que mais parecia de uma casa abandonada. Toquei a campainha, mas ninguém atendeu. Brad bateu na porta e como estava só encostada, abriu. Lá dentro só uma escada estreita e a parede toda descascada.

- Brad, vou subir.

- Não é melhor ligar para a polícia antes?

- Não! Você está louco? – gritei alto, mas porra! Nem poderia pensar em polícia agora. – vou subir me espera?

- Vamos juntos Anna, vamos juntos.